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Rita Loureiro
22.02.2019
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É uma frase que poderia descrever o
que sentem todos os atores: “Hoje em dia, de facto, a coisa que
mais gozo me dá é viver outras histórias, outras cabeças, outras
emoções.
” Profissionais do ofício de encarnar outras vidas, cabe
aos intérpretes revelar os tumultos e exaltações interiores.
Para
Rita Loureiro é este o prazer, a necessidade de ser atriz.
A sua
longa carreira mostra que o público não podia estar mais de acordo.
E os papéis? Entre protagonistas,
incluindo vilãs, das novelas da noite às décadas de trabalho com o
Teatro da Cornucópia, há sempre personagens fortes e complexas no
processo de construção que Rita elabora em cada projeto. E isto se
não falarmos das muitas encenações que já tiveram o seu cunho.
Mas vamos ao princípio, às origens
desta ligação intrínseca desta atriz às artes da representação.
Fugiu da advocacia assim que terminou o 12º ano e, revelada a
notícia dos pais, começou a estudar no Conservatório Nacional.
Além das bases do ofício, encetou também uma longa relação com o
Bairro Alto e a movida da Lisboa dos finais dos anos 1980.
A estreia em palco seria nesse
ano-chave: 1989. No palco da Fundação Calouste Gulbenkian, uma
jovem tímida, ainda ‘verde’ mas motivada para singrar na área,
ajudou a dar vida às palavras de Mário Cláudio, numa encenação
de Filipe La Féria: A Ilha de Oriente. Estava dado o primeiro
passo.
Procurando libertar-se da timidez, Rita
participou em várias peças de teatro e em algumas novelas e séries
televisivas. Pouco depois, Luís Miguel Cintra abriu-lhe as portas da
Cornucópia e, até à recente extinção da companhia, foram
inúmeras as representações em que figurou. Embora tenha procurado
também outros palcos (Malaposta, etc), a ligação de Rita à
companhia teatral do Bairro Alto é uma das marcas da sua carreira.
Hoje, esta atriz/encenador continua a surpreender pela escolha de
projetos desafiantes e é uma das intérpretes mais completas da sua
geração.
E depois temos a televisão e o cinema.
No campo audiovisual, Rita Loureiro já conquistou um espaço
invejável. Da comédia ao drama, há histórias que entraram na
memória dos portugueses onde esta atriz conseguiu brilhar.
Personagens como Mafalda (Ana e os Sete, 2003/2005, TVI),
Madalena (Fúria de Viver, 2002, SIC), Maria dos Anjos
(Remédio Santo, 2011/2012, TVI), Olga (Poderosas,
2015/2016, SIC) e Edite (Amor Maior, 2016/2017, SIC) ainda
hoje lhe valem conversas na rua e algum conselho mais maternal para
lidar com as vicissitudes de cada episódio. Este ano, poderemos ver
Rita em dois projetos televisivos muito distintos, ainda sem data de
estreia): Teorias da Conspiração (RTP) e Solteira e Boa
Rapariga (RTP), uma série cómica realizada por Vicente Alves do
Ó.
A parceria com este realizador tem
também sido uma marca dos projetos cinematográficos mais recentes
em que Rita participou: Quinze Pontos na Alma (2011), Florbela
(2012) e Al Berto (2017). No palmarés, entre curtas e
longas-metragens, destacam-se trabalhos com os maiores realizadores
do país: Teresa Villaverde, João César Monteiro, Fernando
Vendrell, Fernando Lopes e Artur Ramos, entre outros.
Mas a voz de Rita
não precisa de câmaras e holofotes. Brilha por si só. O timbre
focado e o registo grave são inconfundíveis, o que já levou muitas
marcas a procurarem a atriz para dar vida às suas campanhas
publicitárias. BPI, Smart, Skoda, são
apenas alguns exemplos, mas a lista continua a crescer. Teatro, cinema, televisão e estúdio.
Rita sabe bem que um ator não se descola das personagens que
interpreta. Segundo ela, é algo que “vem gente connosco para casa,
fantasmas, lastros. Estamos constantemente a abrir a Caixa de
Pandora. Mas é isso que nos fascina.”
A nós, também.